Com o intuito de alertar de que o tempo que melhor vivemos é aquele que vivemos com qualidade, nasce o projecto “Saber Viver”.

É de realçar que os idosos de hoje foram os jovens de ontem e, como tal, eles são portadores de imensas memórias que constroem a sua história de vida. Nessas memórias estão presentes os filhos que tiveram e criaram, assim como todos aqueles que participaram na sua vida. É neste contexto, e porque eles tudo fizeram para que os seus soubessem viver o presente, que nós enquanto seus descendentes temos de lhes mostrar que a vida contínua. Que existem muitas coisas que eles podem fazer e em que podem participar, de forma a melhorar a sua vida, não deixando apenas passar os anos.

Neste sentido, desenvolvemos o nosso projecto com a Santa Casa de Misericórdia de Portalegre, a fim de oferecer aos seus utentes novas experiências, de criar dinâmicas que apelam à criatividade, e ao mesmo tempo despertar o interesse da comunidade de Portalegre para assistir ás potencialidades desta geração.

Assim, o projecto assenta na elaboração de trabalhos manuais a realizar com os idosos, actividades desportivas, momentos de leitura e jogos tradicionais, para que numa etapa final todas esta actividades (bens e serviços em termos de Mercado da Solidariedade) sejam partilhadas e conjugadas com mais duas instituições de Portalegre (o Internato Distrital da Nossa Senhora da Conceição e Centro Popular dos Trabalhadores dos Assentos), a partir do Mercado da Solidariedade.


Fotografias da Intervenção

20 de maio de 2008

Contextualização Teórica

"Se por um lado, a participação é um dos objectivos fundamentais da Animação Sociocultural, por outro, o objectivo principal é a mudança nos indivíduos". (BENTO, 2003, p.118) A descrição anterior permite-nos declarar que a Animação Sociocultural deve actuar de forma a garantir o desenvolvimento, a participação e a dinamização da comunidade através do indivíduo, garantindo assim a mudança social.

Esta deve procurar agir num processo que implique o crescimento social, cultural e económico, tendo como ponto de partida a participação do outro. Logo, para que hajam essas melhorias há que procurar “acções criativas, através de projectos regionais de desenvolvimento, devidamente contextualizadas, dentro de uma perspectiva que contemple o projecto global da sociedade (social, cultural, educativo, político, económico)”. (LOPES, 2006, p.294)

É neste contexto, que podemos dizer, que ao falarmos de Animação Sociocultural estamos automaticamente a abordar o conceito de Animação Comunitária, visto que, “Encaramos a Animação Comunitária como uma forma de acção sociopedagógica que visa a transformação social, o desenvolvimento através da participação. (…) surge-nos como tecnologia social que tem a sua fundamentação nas diferentes Ciências Sociais…”. (Bastos e Neves, in LOPES, 2006, p.375).

Quando referimos a dimensão tridimensional da Animação Sociocultural no que respeita às suas estratégias de intervenção, salientamos a dimensão etária: a infantil, juvenil, adultos e terceira idade. É neste contexto, e porque o Homem vai sofrendo alterações naturais como a diminuição das capacidades físicas (exigindo-lhe a alteração dos hábitos e rotinas que são substituídos por actividades com menor grau de dinamismo ou mesmo de inactividade), que se torna fundamental assegurar as condições de bem-estar do idoso em parceria com a animação, através da promoção de actividades que visem estimular o idoso, de forma a valorizar o elo com a comunidade, família e amigos.

Para contrariar a ideia de que os lares e centros de dia são autênticos depósitos de pessoas possuidoras de sensibilidade, de memória, de experiências e vivências, os programas de Animação Sociocultural de cariz cultural, recreativo, social e educativa, tornam-se necessários, a fim de; promover a ocupação dinâmica do tempo livre, evitando o tempo de ócio prolongado; valorizar as competências, saberes e cultura do idoso, de forma a aumentar a sua auto-estima e autoconfiança; incentivar o idoso à inovação e à descoberta; valorizar a importância da formação ao longo da vida; proporcionar ao idoso uma vida mais activa e atractiva.

Ao falarmos de um território que vai ao encontro de alguns problemas semelhantes aos de São Brás, seria de todo interessante pegar numa das experiências realizadas no Projecto São Brás Solidário e desenvolvê-la com a nossa instituição (experiências de que tivemos conhecimento a partir do Projecto Solidariedade Cidadã).

A realização do Mercado vai ser um exemplo para aos participantes e para a comunidade, em geral, de que é possível existirem trocas de produtos e serviços sem ser para enriquecer, visto que, todas as pessoas podem oferecer algo seu ou de si sem ser o dinheiro. Desta forma, também iríamos conseguir atingir todos os nossos objectivos.

Completando, a felicidade de cada um só depende da forma como encaramos a vida e a vivemos, o nosso projecto mostra um pouco de como isso é possível. Saber viver está implícito em todas as idades, e se nós enquanto animadores tivermos a consciência de que há formas bem mais simples de levar a vida, que façam os outros sentirem-se mais felizes e úteis, e se conseguir-mos colocá-las em prática, então estamos num bom caminho para melhorar a qualidade vida de muitas pessoas.

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